A história da cidadania confunde-se em muito com a história das lutas pelos direitos humanos. A cidadania esteve e está em permanente construção; é um referencial de conquista da humanidade, através daqueles que sempre lutam por mais direitos, maior liberdade, melhores garantias individuais e coletivas, e não se conformam frente às dominações arrogantes, seja do próprio Estado ou de outras instituições ou pessoas que não desistem de privilégios, de opressão e de injustiças contra uma maioria desassistida e que não se consegue fazer ouvir, exatamente por que se lhe nega a cidadania plena cuja conquista, ainda que tardia, não será obstada
Ser cidadão é ter consciência de que é sujeito de direitos- Direitos à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade, enfim, direitos civis, políticos e sociais(habitação,educação, trabalho, alimentação, saúde e lazer). Mas este é um dos lados da moeda. Cidadania pressupõe também deveres. O cidadão tem de ser consciente das suas responsabilidades enquanto parte integrante de um grande e complexo organismo que é a coletividade, a nação, o Estado, para cujo bom funcionamento todos têm de dar sua parcela de contribuição(preservar o patrimônio público, participar politicamente das eleições governamentais e respeitar a constituição e a sociedade). Somente assim se chega ao objetivo final, coletivo: a justiça em seu sentido mais amplo, ou seja, o bem comum Ser cidadão é respeitar e participar das decisões da sociedade para melhorar suas vidas e a de outras pessoas. Ser cidadão é nunca se esquecer das pessoas que mais necessitam. A cidadania deve ser divulgada através de instituições de ensino e meios de comunicação para o bem estar e desenvolvimento da nação. A cidadania consiste desde o gesto de não jogar papel na rua, não pichar os muros, respeitar os sinais e placas, respeitar os mais velhos (assim como todas às outras pessoas), não destruir telefones públicos, não destruir a carteira e a sala de aula, saber dizer obrigado, desculpe, por favor e bom dia quando necessário... até saber lidar com o abandono e a exclusão das pessoas necessitadas, o direito das crianças carentes e outros grandes problemas que enfrentamos em nosso país.
Como surgiu a cidadania? - O processo de construção da cidadania surgiu na Grécia Antiga, mais especificamente em Atenas no século V. Entretanto não podemos compará-lo como uma continuidade em nossa contemporaneidade. Pois a descontinuidade da história é mostrada claramente através das cidades-estados, onde o peso da cidadania difere dos dias atuais em diversos aspectos, entre eles a concepção de que cidadania, no mundo grego, era perpassada pela religião.
“Não podemos falar de continuidade do mundo antigo, de repartição de uma experiência passada e nem mesmo de um desenvolvimento progressivo que unisse o mundo contemporâneo ao antigo. São mundo diferentes, com sociedades distintas, nas quais pertencimento, participação e direitos têm sentido diversos”. Norbert Guarinello
O mundo greco-romano não se estruturava como os Estados Nacionais Contemporâneos. O universo das cidades-estados era muito diferente entre si, haja vista suas diversidades políticas, econômicas e territoriais. Eram territórios agrícolas, ocupados por populações
camponesas. Com o desenvolvimento da propriedade privada da terra, formaram associações de proprietários, só tinha acesso à ela quem fosse membro da comunidade. Também não havia um poder superior que regulasse essa conjuntura. Por essa razão seus problemas eram resolvidos de maneira coletiva, ou seja, entre seus proprietários, onde o Estado era uma continuidade da vontade de seus membros.
Pertencer a uma Cidade-estado era estar totalmente inserido em suas regras e festividades, ser cidadão era um privilégio, com direito a registros e garantias de seus bens. Mas nem todos estavam “convidados” a esse banquete, havia um processo de exclusão na medida em que estrangeiros, mulheres e crianças, não eram considerados cidadãos (a posição das mulheres variava em cada cidade, sendo sempre submissa ao homem) embora os estrangeiros fizessem parte das relações sociais, como é o caso de Atenas. Em Esparta os periécos e os hilotas eram submetidos aos cidadãos, sendo os hilotas na condição de escravos. Muitos sendo regidos por seus donos encontraram nas revoltas internas um meio de fazer valer seus objetivos, pois essa massa correspondia a um terço ou mais da população nas cidades e trabalhavam em todos os ofícios, agrícolas, artesanais e serviços domésticos. Esses levantes não chegaram a um comprometimento com a abolição e sim algumas liberdades individuais. Quanto maior extensões territoriais possuíam as cidades, mas esse problema era relevante e complexo.
Outro destaque a essa relação de poder será dado aos mais velhos, onde havia limites etários para ser membro de uma magistratura, mantendo a tradição predominante.
Em Atenas a Democracia deveu-se ao fim da guerra contra os persas, onde a população mais humilde foi beneficiada. Sendo a participação política de forma indireta, o voto era individual, mas por volta do século V a.C. fechou-se completamente, admitindo apenas como ser cidadão, filhos de pais e mães atenienses.
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