Prazer em ser educadora

Graduada em Sociologia Política (USP), História (PUC-SP), Mestre em Ciências Sociais (área educação) UFPE, desde muito jovem me perguntava por que tantas desigualdades sociais no meu país? As respostas que eu obtinha não eram satisfatórias, até que um dia (ensino médio) fiz muitas perguntas a um querido professor de história (Otaviano) e ele me disse: "com tantas dúvidas, acho melhor você estudar História, só ela te saciará ou provocará mais dúvidas ainda, o que fará de você, uma eterna pesquisadora"
Amei aquela resposta desafiadora e assim, paralelo a um período ditatorial me tornei uma mulher questionadora, participante do movimento estudantil universitário, e do primeiro partido da classe de fato trabalhadora do meu país, uma mulher que pouco a pouco vai percebendo o que fizeram com a América Latina, sem nunca deixar de vislumbrar-se com as "coisas" da Europa anglo-francesa.
Aliei a sociologia à história e ambas me dão uma outra visão do mundo, seja nos aspectos econômico-político-sócio-cultural, permitindo-me conviver com as diversidades, com as minorias sem discriminações, aprendi a acreditar em meu país, no meu povo.
Assim posso repassar aos meus alunos das mais diversas idades ou classes sociais, o conhecimento que venho adquirindo no decorrer dos tempos, mostrando a eles que devemos nos qualificar, nos especializar, não para tornarmos apenas um acadêmico, mas para nos transformar em um humanista sensível à inclusão social, acreditando na mudança de um homem quando tem oportunidades.
Foi assim que acabei de certa forma, influenciando ou alicerçando a ideia de alguns alunos a cursarem História ou Ciências Sociais. A eles (últimos) : Trícia, Dimitri , Amanda, Arlan , Laís, Claudia... (não é possível citar o nome de todos) eu dedico esse blog e espero poder tirar dúvidas e compartilhar com todos os amantes das ciências humanas.
Muito prazer em ser educadora ... Beth Salvia

sábado, 2 de abril de 2011

INDUSTRIALIZAÇÃO


Não é exagero afirmar que o espaço geográfico contemporâneo é o resultado das transformações introduzidas pela Revolução Industrial em suas diferentes etapas. O modo de vida atual é, direta ou indiretamente, fruto das transformações trazidas pela tecnologia industrial.
 Independentemente do fato de um lugar abrigar, ou não, a indústria em seu espaço físico, ela está presente nos produtos consumidos pela população local, nos meios de comunicação e nos meios de transporte.
 A indústria foi responsável pelas grandes transformações urbanas, pela multiplicação de diversos ramos de serviços que caracterizam a cidade moderna e pelo desenvolvimento dos meios de transporte e comunicação, que, nacional e mundial­mente, interligaram as regiões. Foi responsável também pela maior produtividade, pela conseqüente elevação da produção agrícola e pelo êxodo rural. Além disso, introduziu um novo modo de vida e novos hábitos de consumo, criou novas profissões, promoveu uma nova estratificação da sociedade e uma nova relação desta com a natureza.
 O setor secundário foi predominante durante um longo período, mas a necessidade de reciclagem constante na área técnico-científica deslocou as atenções para o setor terciário, que passou a incluir novos serviços, como a pesquisa e o desenvolvimento.
 No quadro de desenvolvimento acelerado que caracteriza os tempos atuais, a informática e a robótica exercem um papel de destaque, impulsionando a nova revolução industrial que está em curso: arevolução técno-científica.
 A evolução da indústria  
 Indústria é o conjunto das atividades realizadas na transformação de objetos em estado bruto, as chamadas matérias-primas naturais ou não -, em produtos que tenham uma aplicação e satisfaçam as necessidades do homem.
 Quanto a sua evolução histórica, podemos reconhecer três estágios fundamentais: o artesanato, a manufatura e a maquinofatura.
 Artesanato – Estágio em que o produtor (artesão) executava sozinho todas as fases da produção e até mesmo a comercialização do produto. Não havia divisão do trabalho nem o emprego de máquinas, somente de ferramentas simples. (até o séc. XVII)
 Manufatura – A manufatura corresponde ao estágio intermediário entre o artesanato e a maquinofatura. Nesse estágio já ocorria a divisão do trabalho (cada operário realizava uma tarefa ou parte da produção), mas a produção ainda dependia fundamentalmente do trabalho manual, embora já houvesse o emprego de máquinas simples. Esse estágio corresponde a fase inicial do capitalismo. (1620-1750).
 Maquinofatura – É o estágio atual, iniciado com a Revolução Industrial. Podendo ser caracterizado pelo emprego maciço de máquinas e fontes de energia  modernas (carvão mineral, petróleo, etc.), produção em larga escala, grande divisão e especialização do trabalho. (1750 até hoje).
A Revolução industrial 
Por Revolução Industrial podemos entender as profundas transformações resultantes do progresso da técnica aplicada à indústria, ou seja, a passagem de uma sociedade rural e artesanal para uma sociedade urbana e industrial. Com o seu desenvolvimento, a indústria se expande da Inglaterra, estabelecendo-se em outros países europeus, como Alemanha, Bélgica, França e, mais tarde para outra áreas fora da Europa Ocidental como Japão, Estados Unidos, Rússia, etc.
As principais causas da Revolução Industrial foram:
 Acumulação de capitais provenientes da expansão comercial e da política mercantilista.
 Transformações na estrutura agrária, liberando mão-de-obra para a cidade.
 Acelerado processo de urbanização.
 Ascensão da burguesia
 Invenções mecânicas e a utilização de fontes de energia modernas.
Essa etapa da expansão industrial dos países desenvolvidos (séc. XVIII e XIX) é denominada de industrialização clássica, enquanto o processo de industrialização dos países desenvolvidos (segunda metade do séc. XX) é chamada de industrialização tardia ou retardatária.
Dentro do estágio da maquinofatura, ocorreram ainda (após a Primeira Revolução Industrial), devido aos grandes avanços tecnológicos, a Segunda Revolução Industrial (1870-1945) e a Terceira Revolução Industrial, também chamada de Revolução Técnico-científica (após 1945).
Características da primeira e segunda revolução industrial 
O espaço geográfico, a partir das transformações socioeconômicas dos séculos XV e XVI, passou a ter abrangência mundial. A organização espacial variou de acordo com papel diferenciado que ocuparam as colônias, as metrópoles e outras regiões do globo, com maior ou menor grau de integração ao novo sistema econômico.
Porém, a mais profunda transformação espacial ocorreu com a introdução da indústria moderna na Inglaterra, que marcou o inicio do capitalismo industrial (concorrencial ou liberal). A industrialização não provocou mudanças apenas na forma de produção, mas direcionou toda a configuração do espaço atual. Modificou as relações sociais e territoriais, difundiu cultura e técnica, aprofundou a competição entre os povos, concentrou a população no espaço e provocou o crescimento cada vez maior das cidades.
Com a invenção da máquina a vapor e sua incorporação à produção industrial, os trabalhadores eram obrigados a trabalhar conforme o ritmo das máquinas, de maneira padronizada. Outra parte da mão-de-obra disponível foi requisitada para trabalhar nas minas de carvão (fonte de energia dessa primeira fase da Revolução Industrial). Nesse período, o “lucro” não advinha mais da exploração das colônias, mas sim, da produção de mercadorias pelas indústrias, que trazia embutido a exploração dos trabalhadores através da mais-valia.     
Nos séculos XVIII e XIX, o capitalismo florescia na forma de pequenas e numerosas empresas, que competiam por uma fatia do mercado, sem que o Estado interferisse na economia. Nessa fase (liberal), predominava a doutrina de Adam Smith, segundo a qual o mercado deve ser regido pela livre concorrência, baseada na lei da oferta e da procura.
Dentro das fábricas, mudanças importantes aconteceram: a produtividade e a capacidade de produzir aumentaram velozmente; aprofundou-se a divisão do trabalho e cresceu a produção em série. Nessa época, segunda metade do séc. XIX, ocorreu o que se convencionou chamar de Segunda Revolução Industrial. Uma das características mais importantes desse período foi a introdução de novas tecnologias e novas fontes de energia no processo produtivo. Pela primeira vez, tendo como pioneiros a Alemanha e os Estados Unidos, a ciência era apropriada pelo capital, sendo posta a serviço da técnica, ao contrário da primeira revolução industrial onde as tecnologias eram resultados espontâneos e autônomos. Agora empresas eram criadas com o fim de descobrirem novas técnicas de produção.
Com o brutal aumento da produção, acirrou-se cada vez mais a concorrência. Era cada vez maior a necessidade de se garantirem novos mercados consumidores, novas fontes de matérias-primas e novas áreas para investimentos lucrativos.
Foi dentro desse quadro que ocorreu a expansão imperialista na Ásia e na África, o que consolidou de vez a divisão internacional do trabalho.
Durante a Segunda fase da Revolução Industrial, o desenvolvimento da industrialização em outros países e a aplicação de novas tecnologias à produção e ao transporte modificaram profundamente a orientação liberal. As novas tecnologias foram empregadas nas indústrias metalúrgica, siderúrgica, no transporte ferroviário entre outras. Esses setores industriais dependiam de investimentos maiores que aqueles realizados na primeira fase da Revolução Industrial. Era necessário a união de vários empreendedores para a produção das novas mercadorias. Boa parte da indústria passou a contar com o capital bancário ou financeiro.
No final do séc. XIX, a fusão entre o capital industrial e o financeiro e, mesmo a fusão entre indústrias, levou ao aparecimento de empresas gigantescas, os  monopólios e oligopólios (empresas de grande porte que se associam para controlar o mercado), ocorrendo, com isso, um enfraquecimento da livre concorrência. Pela baixa competitividade, as pequenas empresas, que não acompanharam essa nova tendência do desenvolvimento econômico capitalista, faliram ou foram absorvidas pelas grandes.
A revolução técnico-científica
A ciência, no estágio atual, está estreitamente ligada à atividade industrial e às outras atividades econômicas: agricultura, pecuária, serviços. É um componente fundamental, pois, para as empresas, o desenvolvimento científico e tecnológico é rever­tido em novos produtos e em redução de custos, permitindo a elas maior capacidade de competição num mercado cada. vez mais disputado.
As grandes multinacionais possuem seus próprios centros de pesquisa e o investimento cientifico, em relação ao conjunto da atividade produtiva, tem sido crescente. Em meados da década de 80, por exemplo. a IBM norte-americana possuía cerca de 400 mil empregados em todo o mundo, entre os quais 40 mil (10%) trabalhavam na área de pesquisa.
O Estado, por meio das universidades e de outras instituições, também estimula o desenvolvimento econômico, preparando pessoas e capacitando-as ao exercício de funções de pesquisa, na área industrial ou agrícola, assim como no desenvolvimento de tecnologias, transferidas ou adaptadas às novas mercadorias de consumo ou aos novos equipamentos de produção. Nesse sentido, a pesquisa cientifica aplicada ao desenvolvimento de novos produtos tornou-se parte do planejamento estratégico do Estado, visando ao desenvolvimento econômico.
Mesmo no tempo da Guerra Fria, quando o investimento tecnológico estava voltado à corrida armamentista ou espacial, boa parte das conquistas tecnológicas foi adaptada e estendida à criação de uma infinidade de bens de consumo nos países capitalistas.
Com a Revolução Técnico-científica., o tempo entre qualquer inovação e sua difusão, em forma de mercadorias ou de serviços, é cada vez mais imediato. Os produtos industriais classificados genericamente como de bens de consumo duráveis, especialmente aqueles ligados aos setores de ponta como a microeletrônica e informática, tornam-se obsoletos devido à rapidez com que são superados pela introdução de novas tecnologias.

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