Prazer em ser educadora

Graduada em Sociologia Política (USP), História (PUC-SP), Mestre em Ciências Sociais (área educação) UFPE, desde muito jovem me perguntava por que tantas desigualdades sociais no meu país? As respostas que eu obtinha não eram satisfatórias, até que um dia (ensino médio) fiz muitas perguntas a um querido professor de história (Otaviano) e ele me disse: "com tantas dúvidas, acho melhor você estudar História, só ela te saciará ou provocará mais dúvidas ainda, o que fará de você, uma eterna pesquisadora"
Amei aquela resposta desafiadora e assim, paralelo a um período ditatorial me tornei uma mulher questionadora, participante do movimento estudantil universitário, e do primeiro partido da classe de fato trabalhadora do meu país, uma mulher que pouco a pouco vai percebendo o que fizeram com a América Latina, sem nunca deixar de vislumbrar-se com as "coisas" da Europa anglo-francesa.
Aliei a sociologia à história e ambas me dão uma outra visão do mundo, seja nos aspectos econômico-político-sócio-cultural, permitindo-me conviver com as diversidades, com as minorias sem discriminações, aprendi a acreditar em meu país, no meu povo.
Assim posso repassar aos meus alunos das mais diversas idades ou classes sociais, o conhecimento que venho adquirindo no decorrer dos tempos, mostrando a eles que devemos nos qualificar, nos especializar, não para tornarmos apenas um acadêmico, mas para nos transformar em um humanista sensível à inclusão social, acreditando na mudança de um homem quando tem oportunidades.
Foi assim que acabei de certa forma, influenciando ou alicerçando a ideia de alguns alunos a cursarem História ou Ciências Sociais. A eles (últimos) : Trícia, Dimitri , Amanda, Arlan , Laís, Claudia... (não é possível citar o nome de todos) eu dedico esse blog e espero poder tirar dúvidas e compartilhar com todos os amantes das ciências humanas.
Muito prazer em ser educadora ... Beth Salvia

quinta-feira, 10 de março de 2011

MODO DE PRODUÇÃO ASIÁTICO

      A região do Crescente Fértil (essa meia lua pontilhada no mapa)  se estende da Mesopotâmia ao Egito é frequentemente denominada o “berço da civilização”, por ser ali o local de nascimento e desenvolvimento de vários povos, que  antes de quaisquer outros em outras regiões do planeta, iniciaram o processo de desenvolvimento civilizatório (sedentarismo, excedente agrícola, comercialização,urbanização,centralização política) isso tudo já existente por volta de 8000 anos atrás naquela mesma área.Apesar de serem os primeiros a habitarem a região,  o termo “Crescente Fértil” é de criação bastante recente,  utilizado por estudiosos no século XIX.Além de área estratégica de passagem entre a África e a Euroásia (região entre a Europa Oriental e a Ásia), o Crescente Fértil também abriga uma rica diversidade da natureza (rios, vales, planícies,deserto, oásis, variadas espécies animais...),  mas  as mudanças durante as eras glaciais (resfriamento da terra em temperaturas muito baixas) contribuíram para a extinção de várias espécies animais e vegetais locais. Os Estados que atualmente possuem terras localizadas no Crescente Fértil são: Iraque, Jordânia, Líbano, Síria, Egito, Israel e Palestina, além da parte sul da Turquia e da área mais ocidental do território do Irã.
Mesopotâmia - Compreende a região entre os rios Tigre e Eufrates (atualmente parte do Iraque) conhecida como Mesopotâmia - terra entre rios, em grego. É habitada desde 5.000 a.C. por tribos de origem semita. Entre 3.200 e 2.000 a.C. povos de outras origens, como os sumérios, acadianos, assírios, elamitas e caldeus, migram para a região e fundam cidades-Estado independentes. Em 331 a.C. a região é dominada por Alexandre, o Grande, da Macedônia.  organização política da Mesopotâmia tinha um soberano divinizado, assessorado por burocratas- sacerdotes, que administravam a distribuição de terras, o sistema de irrigação e as obras hidráulicas. O sistema financeiro ficava a cargo de um templo, que funcionava como um verdadeiro banco, emprestando sementes, distribuído um documento semelhante ao cheque bancário moderno e cobrando juros sobre as sementes emprestadas. A forma de produção predominante na Mesopotâmia baseou-se na propriedade estatal (do Estado) das terras administrada pelo imperador. Os camponeses só usufruíam da terra enquanto membros dessas comunidades. Acredita-se que quase todos os meios de produção estavam sobre o controle do déspota (governante), personificações do Estado, e dos templos. O templo era o centro que recebia toda a produção, distribuindo-a de acordo com as necessidades, alem de proprietário de boa parte das terras: é o que se denomina cidade-templo Administradas por uma corporação de sacerdotes, as terras, que teoricamente eram dos deuses, eram entregues aos camponeses para produzirem. Cada família recebia um lote de terra e devia entregar ao templo uma parte da colheita como pagamento pelo uso útil da terra. A criação de carneiros, burros, bois, gansos e patos era bastante desenvolvida. Os comerciantes eram funcionários a serviço dos templos e do palácio. apesar disso, podiam fazer negócios por conta própria. A situação geográfica e a pobreza de matérias primas favoreceram os empreendimentos mercantis. As caravanas de mercadores iam vender seus produtos e buscar o marfim da Índia, a madeira do Líbano, o cobre de Chipre e o estanho. Exportavam tecidos de linho, lã e tapetes, além de pedras preciosas e perfumes.As transações comerciais eram feitas na base de troca, criando um padrão de troca inicialmente representado pela cevada e depois pelos metais que circulavam sobre as mais diversas formas, sem jamais atingir, no entanto, a forma de moeda. A existência de um comércio muito intenso deu origem a uma organização economia sólida, que realizava operações como empréstimos a juros, corretagem e sociedades em negócios. Usavam recibos, escrituras e cartas de crédito.O comércio foi uma figura importante na sociedade mesopotâmica, e o fortalecimento do grupo mercantil provocou mudanças significativas, que acabaram por influenciar na desagregação da forma de produção teocrática(controlada pelo imperador) quando a classe mercantil se fortaleceu econômica e politicamente.
Egito - está localizado em região desértica, às margens do Rio Nilo, na porção nordeste do continente africano, é cercado pelo deserto de Saara, este é banhado tanto pelo Mar Mediterrâneo quanto pelo Mar Vermelho e limita-se com o Sudão e com o Deserto da Líbia. Apesar de situado numa região desértica, com poucas chuvas, ele é cortado por um vale muito fértil percorrido pelo Rio Nilo, rio que teve um papel decisivo na vida e, principalmente na economia do Antigo Egito. O solo fértil deve-se graças ao regime de enchentes anuais no Rio Nilo que, durante alguns meses do ano, o rio transbordava, inundando suas margens; quando voltava a seu leito normal, deixava o vale fertilizado pelo húmus (fertilizante orgânico) e pronto para o plantio, com o passar do tempo , as secas eram constantes, sendo necessário a irrigação. A  agricultura era a atividade econômica principal dos egípcios, inicialmente, para melhor aproveitar as águas do rio Nilo, os camponeses uniam-se, empenhando-se na construção de diques e no armazenamento de cereais para a época de escassez, com o tempo, a produção agrícola tornou-se variada, sendo cultivados algodão, linho (utilizados na fabricação de roupas), trigo, cevada, gergelim, legumes, frutas e, principalmente, oliveiras. Às margens do rio os camponeses faziam pomares e hortas, produzindo favas, lentilhas, grão–de–bico e pepinos. Cultivavam ainda uva, utilizada na fabricação do vinho.Perto de suas casas, eles criavam porcos e carneiros. O trabalho no campo era realizado com o auxílio de um arado de madeira puxado por bois. Os camponeses (denominados felás) recebiam terras apenas para o uso útil, plantavam em excedente, este era entregue ao  Estado (faraó) que os alimentavam em épocas de escasses/crises (falta de alimentos), os felás também trabalhavam no artesanato de cerâmica (canais) tecelagem, metalurgia,... todo trabalho era destinado e controlado pelo Estado Teocrático, o trabalho nunca poderia ser individual, sempre em grupos. O peixe, seco e conservado, era consumido muitas vezes com pão e cerveja, e constituía parte importante da alimentação dos egípcios. O comércio também foi importante , mas ocorreu entre os reinos  do Sul e do Norte, não havia comércio externo, uma vez que a região era cercada pelo deserto.


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