Prazer em ser educadora

Graduada em Sociologia Política (USP), História (PUC-SP), Mestre em Ciências Sociais (área educação) UFPE, desde muito jovem me perguntava por que tantas desigualdades sociais no meu país? As respostas que eu obtinha não eram satisfatórias, até que um dia (ensino médio) fiz muitas perguntas a um querido professor de história (Otaviano) e ele me disse: "com tantas dúvidas, acho melhor você estudar História, só ela te saciará ou provocará mais dúvidas ainda, o que fará de você, uma eterna pesquisadora"
Amei aquela resposta desafiadora e assim, paralelo a um período ditatorial me tornei uma mulher questionadora, participante do movimento estudantil universitário, e do primeiro partido da classe de fato trabalhadora do meu país, uma mulher que pouco a pouco vai percebendo o que fizeram com a América Latina, sem nunca deixar de vislumbrar-se com as "coisas" da Europa anglo-francesa.
Aliei a sociologia à história e ambas me dão uma outra visão do mundo, seja nos aspectos econômico-político-sócio-cultural, permitindo-me conviver com as diversidades, com as minorias sem discriminações, aprendi a acreditar em meu país, no meu povo.
Assim posso repassar aos meus alunos das mais diversas idades ou classes sociais, o conhecimento que venho adquirindo no decorrer dos tempos, mostrando a eles que devemos nos qualificar, nos especializar, não para tornarmos apenas um acadêmico, mas para nos transformar em um humanista sensível à inclusão social, acreditando na mudança de um homem quando tem oportunidades.
Foi assim que acabei de certa forma, influenciando ou alicerçando a ideia de alguns alunos a cursarem História ou Ciências Sociais. A eles (últimos) : Trícia, Dimitri , Amanda, Arlan , Laís, Claudia... (não é possível citar o nome de todos) eu dedico esse blog e espero poder tirar dúvidas e compartilhar com todos os amantes das ciências humanas.
Muito prazer em ser educadora ... Beth Salvia

domingo, 15 de maio de 2011

HISTÓRIA DO BRASIL

BRASIL PRÉ-COLONIAL – 1500/1534
Denomina-se período pré-colonial a fase transcorrida entre a chegada da esquadra de Pedro Álvares Cabral (1500)e o primeiro projeto nitidamente colonizador empreendido por Martim Afonso de Souza em (1530-34 ).
Durante esse período, a região conhecida como América portuguesa teve um papel secundário na economia de Portugal, no momento em que o comércio com as Índias Orientais monopolizava os interesses comerciais do Império.
Apesar da importância secundaria, era inegável a preocupação estatal com o reconhecimento e a proteção desse território. Diversas expedições foram para procurar no Brasil riquezas que pudessem ser exploradas e ao mesmo tempo combater invasores estrangeiros (principalmente espanhóis e franceses).
 Essas expedições não conseguiram descobrir os tão sonhados metais preciosos, que só foram encontrados no final do século XVII (não podemos nos esquecer que uma das bases do sistema mercantil era o metalismo). No entanto, localizaram nos litorais brasileiros um produto de importância menor que viabilizou o surgimento de um incipiente comércio: o do pau-brasil.
A exploração dessa madeira, que era utilizada na tintura de tecidos europeus, tornou-se a principal atividade econômica do período pré-colonial. Esse comércio tornou-se viável graças ao escambo com os indígenas e ao surgimento de algumas poucas feitorias no litoral.
Chegada da Esquadra de Pedro Álvares Cabral - Pedro Alvares Cabral partiu de Portugal para encontrar terras além-Atlântico, fornecedora  de pimenta, metais preciosos e artigos nunca encontrados na Europa. Sua frota era composta por dez naus e 3 caravelas, chefiadas pelos navegadores Bartolomeu Dias, Nicolau Coelho, Duarte Pacheco Pereira e pelo fidalgo Sancho de Tovar. Sua expedição contava com cerca de 1500 homens e sua missão era feitorias nas Índias e criar bases comerciais permanentes na Ásia.Iniciou sua viagem em 9 de março de 1500, com sua saída do Porto de Restelo. Em 22 de março chega ao arquipélago de Cabo Verde e lá desaparece a nau (embarcação) de Vasco Ataíde.Em documento escrito por Duarte Pacheco Pereira, existe um indicador de que o rumo tomado era proposital, a mando de D. Manuel I, que queria se certificar da existência de terras além do Atlântico das quais poderia tomar posse, conforme determinado no Tratado de Tordesilhas.
Em sua chegada, em 22 de abril, avistou a nova terra e os novos habitantes, os índios (foram chamados de índios pois os portugueses acharam estar nas Índias).
Exploração de Pau – Brasil - A primeira riqueza explorada pelo europeu em terras brasileiras foi o pau-brasil (caesalpinia echinata),árvore que existia com relativa abundância em largas faixas da costa brasileira. O interesse comercial nessa madeira decorria da possibilidade de extrair-se dela uma substância corante, comumente utilizada para tingir tecidos. Antes da conquista da América indústria européia de tintas comprava o pau-brasil trazido do Oriente pelos mercadores que atuavam nas rotas tradicionais do comércio indiano. Após a conquista do Brasil, tornava-se mais lucrativo extraí-lo diretamente de nossas matas litorâneas. O rei de Portugal não demorou a declarar a exploração do pau-brasil um monopólio da coroa portuguesa. Oficialmente, ninguém poderia retirá-lo de nossas matas sem prévia concessão da coroa e o pagamento do correspondente tributo (1 a 2 navios carregados da madeira por ano à Portugal).A primeira concessão para explorar o pau-brasil foi fornecida a Fernão de Noronha, em 1501, que estava associada a vários comerciantes judeus. Os Franceses, que não reconheciam a legitimidade do Tratado de Tordesilhas, agiam intensamente no litoral brasileiro, extraindo a madeira sem pagar os tributos exigidos pela coroa portuguesa.O esquema montado para a extração do pau-brasil contava ,essencialmente , com a importante participação do indígena. Só as tripulações dos navios que efetuam o tráfico não dariam conta, a não ser de forma muito limitada , da árdua tarefa de cortar árvores de grande porte como o pau-brasil , que alcança um metro de diâmetro na base do tronco e 10 a 15m de altura.A princípio , o trabalho do índio era conseguido "amigavelmente" com o escambo. Este consistia , basicamente , em derrubar as grandes árvores , cortá-las em pequenas toras , transportá-las até a praia e , daí, aos locais onde estavam ancorados os navios.
Conseqüências:  a exploração predatória (sem planejamento) do pau-brasil, logo escasseou  ao longo da costa litorânea, também a proximidade dos franceses aos indígenas longo foi parar nos ouvidos do rei que, temendo as invasões estrangeiras, decidiu  definitivamente colonizar o Brasil, enviando para cá, Martim Afonso de Souza, este decidiu junto ao rei, dividir o litoral em capitanias hereditárias.

BRASIL COLONIAL I -   açúcar






Martin Afonso de Sousa foi quem trouxe as primeiras mudas de cana-de açúcar da ilha da madeira e estabeleceu o primeiro engenho da colônia em São Vicente. Os engenhos se multiplicaram de forma rápida pelo litoral brasileiro. Durante os séculos XVI e XVII, a colonização brasileira esteve ligada ao cultivo da cana e ao preparo do açúcar, a importância econômica açucareira como principal riqueza colonial, é vista pelo valor das exportações do produto no período do apogeu da mineração (século XVIII). 
Para garantir o sucesso do projeto colonizador, recorreu-se ao capital externo, sobretudo flamengo (holandês), que já se encontrava amplamente envolvido nos negócios do açúcar na Europa. Os portugueses eram os mais experientes na produção do açúcar, desde o século XV introduzida nas Ilhas do Atlântico, enquanto o transporte, o refino e a comercialização na Europa eram feitos pelos flamengos (holandeses).
O mundo açucareiro: A produção do açúcar era exclusivamente para a exportação e, por gerar elevados lucros comandava a economia colonial. À produção canavieira se destinava as melhores terras, grandes investimentos de capital. No litoral da Bahia e Pernambuco onde existiam dezenas de engenhos, onde eram fabricados os melaços, rapadura e aguardente, denominadas engenhocas ou molinetes. No mundo açucareiro existem diversos tipos de fazendas ou propriedades. A grande propriedade senhorial, ou engenho, constituía-se de quatro edificações que caracterizam a época: a casa grande, a capela, a senzala.
O declínio da economia açucareira: Quando os holandeses foram expulsos do Brasil, agravou problemas para a economia da colônia de Portugal, Passaram a produzir açúcar nas Antilhas, vendendo por um preço mais barato na Europa.Mesmo com tudo isso, eles ainda tinham o domínio sobre os consumidores Europeus. A concorrência do produto acabou com o monopólio (domínio) português sobre o açúcar. Sendo assim Portugal precisou procurar novas fontes de renda, devido ao declínio do açúcar no Brasil. Nós já temos o conhecimento de que Portugal se beneficiava com as taxas de impostos que eram cobradas no Brasil. 
Sendo assim o rei português determinou que o pasto do gado estava proibido no litoral e que os vaqueiros (trabalhadores dos engenhos) saíssem em busca de pastagem no interior do Brasil. Nessa época os senhores decadentes já não mais aumentavam a mão de obra escrava, ao contrário, explorava cada vez mais e de forma violenta, os escravos que possuía, aí iniciou a fuga dos escravos negros e a formação dos quilombos (nos morros, lugares em que os brancos fossem avistados de longe, nos quilombos eles produziam sua alimentação, comercializavam entre si, cultuavam seus deuses, dançavam, eram felizes) os senhores financiam os bandeirantes para capturarem os escravos fugitivos no interior brasileiro. Assim as expedições  entradas (oficiais) e as bandeiras(particulares) iam em busca de negros, índios e pasto, deparando-se com as minas de ouro e as jazidas de diamantes entre Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, São Paulo (ouro de lavagem).
Podemos então concluir que a pecuária teve importante papel na descoberta da mineração.
 BRASIL COLONIAL II - Mineração
Desde o final do século XVI na capitania de São Vicente, o Brasil já tinha conhecido uma escassa exploração mineral do chamado ouro de lavagem,(cascalho  de ouro que fica no fundo dos rios) que em razão da baixa rentabilidade, foi rapidamente abandonada.

Somente no século XVIII é que a mineração realmente passou a dominar o cenário brasileiro, intensificando a vida urbana da colônia, além de ter promovido uma sociedade menos aristocrática em relação ao período anterior, representado pelo ruralismo açucareiro.
A mineração, marcada pela extração de ouro e diamantes nas regiões de Goiás, Mato Grosso e principalmente Minas Gerais, atingiu o apogeu entre os anos de 1750 e 1770, justamente no período em que a Inglaterra se industrializava e se consolidava como uma potência hegemônica, exercendo uma influência econômica cada vez maior sobre Portugal.

CONTEXTO EUROPEU: INGLATERRA/PORTUGAL - Em contrapartida ao desenvolvimento econômico da Inglaterra, Portugal enfrentava enormes dificuldades econômicas e financeiras com a perda de seus domínios no Oriente e na África, após 60 anos de domínio espanhol durante a União Ibérica (1580-1640).
Dos vários tratados que comprovam a crescente dependência portuguesa em relação à Inglaterra, destaca-se o Tratado de Methuem (Panos e Vinhos) em 1703, pelo qual Portugal é obrigado a adquirir os tecidos da Inglaterra e essa, os vinhos portugueses. Para Portugal, esse acordo liquidou com as manufaturas e agravou o acentuado déficit na balança comercial, onde o valor das importações (tecidos ingleses) irá superar o das exportações (vinhos). É importante notar que o Tratado de Methuem ocorreu alguns anos depois da descoberta das primeiras grandes jazidas de ouro em Minas Gerais, e que bem antes de sua assinatura as importações inglesas já arruinavam as manufaturas portuguesas. O tratado, deve ser considerado assim, bem mais um ponto de chegada do que de começo, em relação ao domínio econômico inglês sobre Portugal.
A RIGIDEZ FISCAL -Nesse mesmo período, em que na América espanhola o esgotamento das minas irá provocar uma forte elevação no preço dos produtos, o Brasil assistia a passagem da economia açucareira para mineradora, que ao contrário da agricultura e de outras atividades, como a pecuária, foi submetida a uma rigorosa disciplina e fiscalização por parte da metrópole.
Já por ocasião do escasso e pobre ouro de lavagem achado desde o século XVI em São Vicente, tinha-se promulgado um longo regulamento estabelecendo-se a livre exploração, embora submetida a uma rígida fiscalização, onde a coroa reservava-se no direito ao quinto, a quinta parte de todo ouro extraído. Com as descobertas feitas em Minas Gerais na região de Vila Rica, a antiga lei é substituída pelo Regimento dos Superintendentes, Guardas-mores e Oficiais Deputados para as Minas de Ouro, datada de 1702. Esse regimento se manteria até o término do período colonial, apenas com algumas modificações.
O sistema estabelecido era o seguinte: para fiscalizar dirigir e cobrar o quinto nas áreas de mineração criava-se a Intendência de Minas, sob a direção de um superintendente em cada capitania em que se descobrisse ouro, subordinado diretamente ao poder metropolitano. O descobrimento das jazidas era obrigatoriamente comunicado ao superintendente da capitania que requisitava os funcionários (guarda-mores) para que fosse feita a demarcação das datas, lotes que seriam posteriormente distribuídos entre os mineradores presentes. O minerador que havia descoberto a jazida tinha o direito de escolher as duas primeiras datas, enquanto que o guarda-mor escolhia uma outra para a Fazenda Real, que depois a vendia em leilão. A distribuição dos lotes era proporcional ao número de escravos que o minerador possuísse. Aqueles que tivessem mais de 12 escravos recebiam uma "data inteira", que correspondia a cerca de 3 mil metros quadrados. Já os que tinham menos de doze escravos recebiam apenas uma pequena parte de uma data. Os demais lotes eram sorteados entre os interessados que deviam dar início à exploração no prazo de quarenta dias, sob pena de perder a posse da terra. A venda de uma data era somente autorizada, na hipótese devidamente comprovada da perda de todos os escravos. Neste caso o minerador só podia receber uma nova data quando obtivesse outros trabalhadores. A reincidência porém, resultaria na perda definitiva do direito de receber outro terreno.
A cobrança do quinto sempre foi vista pelos mineradores como um abuso fiscal, o que resultava em freqüentes tentativas de sonegação, fazendo com que a metrópole criasse novas formas de cobrança.
A partir de 1690 são criadas as Casas de Fundição, estabelecimentos controlados pela Fazenda Real, que recebiam todo ouro extraído, transformando-o em barras timbradas e devidamente quintadas, para somente depois, devolve-las ao proprietário. A tentativa de utilizar o ouro sob outra forma -- em pó, em pepitas ou em barras não marcadas -- era rigorosamente punida, com penas que iam do confisco dos bens do infrator, até seu degredo perpétuo para as colônias portuguesas na África. Como o ouro era facilmente escondido graças ao seu alto valor em pequenos volumes, criou-se a finta, um pagamento anual fixo de 30 arrobas, cerca de 450 quilos de ouro que o quinto deveria necessariamente atingir, sob pena de ser decretada a derrama, isto é, o confisco dos bens do devedor para que a soma de 100 arrobas fosse completada. Posteriormente ainda foi criada a taxa de capitação , um imposto fixo, cobrado por cada escravo que o minerador possuísse.
Para o historiador Caio Prado Júnior, "cada vez que se decretava uma derrama, a capitania, atingida entrava em polvorosa. A força armada se mobilizava, a população vivia sobre o terror; casas particulares eram violadas a qualquer hora do dia ou da noite, as prisões se multiplicavam. Isto durava não raro muitos meses, durante os quais desaparecia toda e qualquer garantia pessoal. Todo mundo estava sujeito a perder de uma hora para outra seus bens, sua liberdade, quando não sua vida. Aliás as derramas tomavam caráter de violência tão grande e subversão tão grave da ordem, que somente nos dias áureos da mineração se lançou mão deles. Quando começa a decadência, eles se tornam cada vez mais espaçados, embora nunca mais depois de 1762 o quinto atingisse as 100 arrobas fixadas. Da última vez que se projetou uma derrama (em 1788), ela teve de ser suspensa à última hora, pois chegaram ao conhecimento das autoridades notícias positivas de um levante geral em Minas Gerais, marcado para o momento em que fosse iniciada a cobrança (conspiração de Tiradentes)."
A EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS - Havia duas formas de extração aurífera: a lavra e a faiscação.
As lavras eram empresas que, dispondo de ferramentas especializadas, executavam a extração aurífera em grandes jazidas, utilizando mão-de-obra de escravos africanos. O trabalho livre era insignificante e o índio não era empregado. A lavra foi o tipo de extração mais freqüente na fase áurea da mineração, quando ainda existia recurso e produção abundantes, o que tornou possível grandes empreendimentos e obras na região.
A faiscação era a pequena extração representada pelo trabalho do próprio garimpeiro, um homem livre de poucos recursos que excepcionalmente poderia contar com alguns ajudantes. No mundo do garimpo o faiscador é considerado um nômade, reunindo-se às vezes em grande número, num local franqueado a todos. Poderiam ainda ser escravos que, se encontrassem uma quantidade muito significativa de ouro, ganhariam a alforria. Também conhecida como faisqueira, tal atividade se realizava principalmente em regiões ribeirinhas. De uma maneira ou de outra, a faiscação sempre existiu na mineração aurífera da colônia tornando-se mais intensa com a própria das minas, surgindo então o faiscador que aproveita as áreas empobrecidas e abandonadas. Este cenário torna-se mais comum pelos fins do século XVIII, quando a mineração entra num processo de franca decadência.
A EXTRAÇÃO DE DIAMANTES - A extração mineral não se restringiu apenas ao ouro. O século XVIII também conheceu o diamante, no vale do rio Jequitinhonha, sendo que durante muito tempo, os mineradores que só viam a riqueza no ouro, ignoraram o valor desta pedra preciosa, utilizada inclusive como ficha para jogo.
Somente após três décadas que o governador das Gerais, D. Lourenço de Almeida, enviou algumas pedras para serem analisadas em Portugal, que imediatamente aprovou a criação do primeiro Regimento para os Diamantes, que estabeleceu como forma de cobrar o quinto, o sistema de capitação sobre mineradores que viessem a trabalhar naquela região.
O principal centro de extração da valiosa pedra, foi o Arraial do Tijuco, hoje Diamantina em Minas Gerais, que em razão da importância, foi elevado à categoria de Distrito Diamantino, com fronteiras delimitadas e um intendente independente do governador da capitânia, subalterno apenas à coroa portuguesa.
A partir de 1734, visando um maior controle sobre a região diamantina, foi estabelecido um sistema de exclusividade na exploração de diamantes para um único contratador. O primeiro deles em 1740, foi o milionário João Fernandes de Oliveira, que se apaixonou pela escrava Chica da Silva, tornando-a uma nobre senhora do Arraial do Tijuco.
Devido ao intenso contrabando e sonegação, como também ao elevado valor do produto, a metrópole decretou a Extração Real em 1771, representando o monopólio estatal sobre o diamante, que vigorou até 1832.
 SOCIEDADE E CULTURA - O ciclo do ouro e do diamante foi responsável por profundas mudanças na vida colonial. Em cem anos a população cresceu de 300 mil para, aproximadamente, 3 milhões de pessoas, incluindo aí, um deslocamento de 800 mil portugueses para o Brasil. Paralelamente foi intensificado o comércio interno de escravos, chegando do Nordeste cerca de 600 mil negros. Tais deslocamentos representam a transferência do eixo social e econômico do litoral para o interior da colônia, o que acarretou na própria mudança da capital de Salvador para o Rio de Janeiro, cidade de mais fácil acesso à região mineradora. A vida urbana mais intensa viabilizou também, melhores oportunidades no mercado interno e uma sociedade mais flexível, principalmente se contrastada com o imobilismo da sociedade açucareira.
Embora mantivesse a base escravista, a sociedade mineradora diferenciava-se da açucareira, por seu comportamento urbano, menos aristocrático e intelectualmente mais evoluído. Era comum no século XVIII, ser grande minerador e latifundiário ao mesmo tempo. Portanto, a camada socialmente dominante era mais heterogênea, representada pelos grandes proprietários de escravos, grandes comerciantes e burocratas. A novidade foi o surgimento de um grupo intermediário formado por pequenos comerciantes, intelectuais, artesãos e artistas que viviam nas cidades.
O segmento abaixo era formado por homens livres pobres (brancos, mestiços e negros libertos), que eram faiscadores, aventureiros e biscateiros, enquanto que a base social permanecia formada por escravos que em meados do século XVIII, representavam 70% da população mineira.
Para o cotidiano de trabalho dos escravos, a mineração foi um retrocesso, pois apesar de alguns terem conseguido a liberdade, a grande maioria passou a viver em condições bem piores do que no período anterior, escavando em verdadeiros buracos onde até a respiração era dificultada. Trabalhavam também na água ou atolados no barro no interior das minas. Essas condições desumanas resultam na organização de novos quilombos, como do rio das Mortes, em Minas Gerais, e o de Carlota, no Mato Grosso. Com o crescimento do número de pequenos e médios proprietários a mineração gerou uma menor concentração de renda, ocorrendo inicialmente um processo inflacionário, seguido pelo desenvolvimento de uma sólida agricultura de subsistência, que juntamente com a pecuária, consolidam-se como atividades subsidiárias e periféricas.
A acentuação da vida urbana trouxe também mudanças culturais e intelectuais, destacando-se a chamada escola mineira, que se transformou no principal centro do Arcadismo no Brasil. São expoentes as obras esculturais e arquitetônicas de Antônio Francisco Lisboa, o "Aleijadinho", em Minas Gerais e do Mestre Valentim, no Rio de Janeiro.
Na música destaca-se o estilo sacro barroco do mineiro José Joaquim Emérico Lobo de Mesquita, além da música popular representada pela modinha e pela cantiga de ninar de origem lusitana e pelo lundu de origem africana.
A DECADÊNCIA DO PERÍODO - Na segunda metade do século XVIII, a mineração entra em decadência com a paralisação das descobertas. Por serem de aluvião o ouro e diamantes descobertos eram facilmente extraídos, o que levou a uma exploração constante, fazendo com que as jazidas se esgotassem rapidamente. Esse esgotamento deve-se fundamentalmente ao desconhecimento técnico dos mineradores, já que enquanto a extração foi feita apenas nos veios (leitos dos rios), nos tabuleiros (margens) e nas grupiaras (encostas mais profundas) a técnica, apesar de rudimentar, foi suficiente para o sucesso do empreendimento. Numa quarta etapa porém, quando a extração atinge as rochas matrizes, formadas por um minério extremamente duro (quartzo itabirito), as escavações não conseguem prosseguir, iniciando o declínio da economia mineradora. Como as outras atividades eram subsidiárias ao ouro e ao diamante, toda economia colonial entrou em declínio. Sendo assim, a primeira metade do século XIX será representada pelo Renascimento Agrícola, fase economicamente transitória, marcada pela diversificação rural (algodão, açúcar, tabaco, cacau e café), que se estenderá até a consolidação da monocultura cafeeira, iniciada por volta de 1870 no Vale do Paraíba. A suposta riqueza gerada pela mineração não permaneceu no Brasil e nem foi para Portugal. A dependência lusa em relação ao capitalismo inglês era antiga, e nesse sentido, grande parte das dívidas portuguesas, acabaram sendo pagas com ouro brasileiro, o que viabilizou ainda mais, uma grande acumulação de capital na Inglaterra, indispensável para o seu pioneirismo na Revolução Industrial.

ESCRAVIDÃO NEGRA - No Brasil, a escravidão teve início com a produção de açúcar na primeira metade do século XVI. Os portugueses traziam os negros africanos de suas colônias na África para utilizar como mão-de-obra escrava nos engenhos de açúcar do Nordeste. Os comerciantes de escravos portugueses vendiam os africanos como se fossem mercadorias aqui no Brasil. Os mais saudáveis chegavam a valer o dobro daqueles mais fracos ou velhos.
As mulheres negras também sofreram muito com a escravidão, embora os senhores de engenho utilizassem esta mão-de-obra, principalmente, para trabalhos domésticos. Cozinheiras, arrumadeiras e até mesmo armas de leite foram comuns naqueles tempos da colônia.
Durante todo o período que a escravidão foi vigente , os cativos empreenderam formas diversas de escaparem daquela ordem marcada pela repressão e o controle . Dentre as várias manifestações de resistência, os quilombos, também conhecidos como mocambos, funcionavam como comunidade de negros fugidos que conseguiam escapar do controle de seus proprietários.
A rotina de trabalho desses escravos era árdua e envolvia uma pesada rotina de trabalho que poderia alcançar um turno de dezoito horas diárias. As condições de vida eram precárias, sua alimentação extremamente limitada e não contava com nenhum tipo de assistência ou garantia. Além disso, aqueles que se rebelava contra a rotina imposta eram mortos ou torturados. Mediante tantas adversidades, a vida média de um escravo de campo raramente alcançava um período superior a vinte anos.
Outros tipos de escravos também cumpriam o ambiente colonial, os escravos domésticos que viviam no interior das residências tinham melhores condições de vida e tinham a relativa confiança de seus proprietários. Geralmente os cargos domésticos eram ocupados por escravas incumbidas de cuidar da casa, das crianças e, inclusive, estar sexualmente disponível ao senhor. Nas cidades, ainda temos a figura dos escravos de ganho, que poderia revender lucro ao seu dono ao cuidar de um comércio ou vender produtos.
Castigos Domésticos - A escravidão mais importante, entretanto, foi a dos africanos e de seus descendentes.Milhões de escravos entraram no Brasil, até o século XVI, vindos de Guiné, Angola, e Moçambique em três grandes levas, ou “ciclos”, de acordo com a procedência predominante: da Guiné no século XVI( entre 50 mil e 100 mil), de Angola no século XVII( cerca de 600 mil) e de Costa da Mina no século XVIII( cerca de 1,3 milhão). A imprecisão dos dados relativos ao tráfico legal e a simples estimativa para os números do contrabando impedem um censo inteiramente confiável: tais quantidades devem apontar apenas a dimensão e a tendência do tráfico e de suas correntes.
Estima-se em torno de 30% a mortalidade dos castigos na viagem, transportados em porões superlotados, sem condições de higiene e mal alimentados.Em certos períodos a mortalidade pode ter sido menor; nas primeiras décadas do século XVI, por exemplo, ela ficou, comprovadamente, entre 7% e 10%.
No Brasil , o escravo era transportado para o mercado, operação sobre a qual incidia novo imposto, de entrada (2 a 3 mil-réis nos séculos XVI e XVIII), antes de ser finalmente vendido para o comprador final por um preço médio que evoluiu de 20 mil- réis no final do século XVI para 50 mil-réis em 1650, 200 mil-réis na primeira metade do século XVIII e 300 mil-réis no início do século XIX,
o que não significa plena valorização, pois de preço deve ser descontada a taxa inflacionária.”

Escravidão predominante: uma forma de trabalho predominante na História do Brasil, ao chegarem, os africanos perceberam a necessidade de desenvolver formas de proteção contra a violência e repressão dos colonizadores brasileiros. Eram constantemente alvos de práticas violentas e castigos dos senhores de engenho. Quando fugiam das fazendas, eram perseguidos pelos capitães-do-mato, que tinham uma maneira captura muito violenta .Os senhores de engenho proibiam os escravos de praticar qualquer tipo de luta. Logo, os escravos utilizaram o ritmo e os movimentos de suas danças africanas, adaptando a um tipo de luta. Surgia assim a capoeira, uma arte marcial disfarçada de dança. Foi um instrumento importante da resistência cultural e física dos escravos brasileiros.Quanto à alimentação dos escravos do engenho podia ser dada diretamente pelo dono, mas havia um sistema que era frequentemente adaptado que era de lhes dar um dia por semana para eles cuidarem da sua roça e assim produzirem os seus alimentos(brecha camponesa) Quando surgiram as cidades (ciclo minerador) o trabalho do escravo  era menos duro e as condições eram melhores.Não havia tanta violência e muitos desempenhavam boas profissões .Mas também havia os que eram alugados como carregadores ou para outros trabalhos forçados.
Quilombos - Entre as várias formas de resistência do negro ao regime escravista no Brasil Colonial encontramos os quilombos. Palmares, o maior exemplo de grande quilombo, possuía uma organização econômica que apresentava as seguintes características: organizada com base num sistema de sesmarias semelhante ao dos engenhos, que visava o consumo local e a comercialização do excedente;a agricultura  que visava o consumo local e a comercialização, a caça, a pesca, coleta e criação de gado para o consumo interno também; agricultura policultura (vários alimentos) realizada em pequenos roçados da famílias, em um sistema de trabalho cooperativo que produzia excedentes para serem comercializados internamente, além da extração vegetal e da criação para a subsistência; atividades extrativas, pecuária bovina local, e fabricação de farinha, aguardente e azeite para a comercialização.

O escravo foi utilizado em quase todas as atividades econômicas do Brasil, a ponto de identificar-se, na Colônia, trabalho manual com trabalho escravo, agravando um preconceito que o colono já ja trazia de Portugal. Foi prática comum, pelo menos desde a segunda metade do século XVIII, ferreiros, e serralheiros, entre outros profissionais, usarem escravos para seu serviços, limitando-se a orientá-los.

Os negros no período colonial foram tratados de forma desumana. O preconceito ainda se mantém na mente de algumas “pessoas” por  ainda se basearem na história colonial contada até o século XIX. Quando era natural achar que o negro estava pagando pelos pecados, quando ele era tratado como um objeto. Hoje sabemos o quanto foram importantes à nossa formação cultural e foi necessário para dar oportunidades |à essa etnia de afro-descendentes o direito de cotas ao ingresso universitário, além de ser crime inafiançável o preconceito, o racismo, a discriminação..

        O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:        
  Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)


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