Prazer em ser educadora

Graduada em Sociologia Política (USP), História (PUC-SP), Mestre em Ciências Sociais (área educação) UFPE, desde muito jovem me perguntava por que tantas desigualdades sociais no meu país? As respostas que eu obtinha não eram satisfatórias, até que um dia (ensino médio) fiz muitas perguntas a um querido professor de história (Otaviano) e ele me disse: "com tantas dúvidas, acho melhor você estudar História, só ela te saciará ou provocará mais dúvidas ainda, o que fará de você, uma eterna pesquisadora"
Amei aquela resposta desafiadora e assim, paralelo a um período ditatorial me tornei uma mulher questionadora, participante do movimento estudantil universitário, e do primeiro partido da classe de fato trabalhadora do meu país, uma mulher que pouco a pouco vai percebendo o que fizeram com a América Latina, sem nunca deixar de vislumbrar-se com as "coisas" da Europa anglo-francesa.
Aliei a sociologia à história e ambas me dão uma outra visão do mundo, seja nos aspectos econômico-político-sócio-cultural, permitindo-me conviver com as diversidades, com as minorias sem discriminações, aprendi a acreditar em meu país, no meu povo.
Assim posso repassar aos meus alunos das mais diversas idades ou classes sociais, o conhecimento que venho adquirindo no decorrer dos tempos, mostrando a eles que devemos nos qualificar, nos especializar, não para tornarmos apenas um acadêmico, mas para nos transformar em um humanista sensível à inclusão social, acreditando na mudança de um homem quando tem oportunidades.
Foi assim que acabei de certa forma, influenciando ou alicerçando a ideia de alguns alunos a cursarem História ou Ciências Sociais. A eles (últimos) : Trícia, Dimitri , Amanda, Arlan , Laís, Claudia... (não é possível citar o nome de todos) eu dedico esse blog e espero poder tirar dúvidas e compartilhar com todos os amantes das ciências humanas.
Muito prazer em ser educadora ... Beth Salvia

segunda-feira, 19 de maio de 2014

EUA

    
Filmes indicados:- O Patritota (independência dos EUA)
                               - Lincoln (Congresso aprova a abolição escrava)
                               - 12 anos de escravidão ( abaixo)
                            
Industrialização e Expansão territorial
Conquistada a independência era necessário consolidá-la. Nesse âmbito, foi de fundamental importância da primeira doutrina do país.
DESTINO MANIFESTO- doutrina  na qual os norte-americanos se consideravam o “povo eleito” e tinham a missão deveras difícil de comandar o mundo. Assim a ampliação do território, nas palavras de Thomas Jefferson era “ordem natural das coisas e o curso manifesto dos acontecimentos”.

E a nova nação precipitaria no decorrer do século XIX um incrível processo de expansão territorial para o oeste e industrialização do norte. Essa expansão territorial está intimamente ligada como o movimento migratório. Para ter uma ideia, no período entre 1840 e 1930 em torno de 40 milhões de pessoas abandonaram suas pátrias na Europa para se aventurar na América em busca do sonho americano. A maioria dos imigrantes era ex-artesãos esmagados pelo ímpeto da revolução nas indústrias europeias, além de uma multidão de camponeses e pequenos proprietários expulsos e desalojados de sua forma de vida tradicional.

Para essas pessoas havia o sonho de trabalho nas indústrias do leste, muitas vezes transformado tal qual na Europa na constituição de um proletariado – ou exército de mão-de-obra de reserva. Mas, num segundo momento, o sonho americano converteu-se na possibilidade de acesso facilitado a terra no “despovoado” oeste, o que indubitavelmente contribuiu para o surgimento de novos estados e incorporação de novas territorialidades. A conquista do oeste significava, igualmente, a constituição de um contingente de produtores de alimentos para as cidades e de matérias-primas para o processo de industrialização no leste americano.

Em 1862, através da Lei do Povoamento (Homestead Act), o governo americano legitima essa expansão, ofertando terras que deveriam ser cultivadas produtivamente pelo período de cinco anos, quando, então, poderiam ser reclamadas enquanto título de propriedade. A proposta do governo americano levou quase um milhão de pessoas a se estabelecerem no litoral do Pacífico. Assim, ao mesmo tempo, a intensa imigração formou um proletariado urbano no Leste, e por meio de uma “distribuição de terras” nunca dantes vista formou um campesinato livre no Oeste.

A expansão territorial foi facilitada também pelo avanço da Revolução Industrial e a incorporação dos bens de capital, em especial a ferrovia, que possibilitou interligar longas distâncias no território americano.

Por outro lado, os EUA usaram das negociações diplomáticas e conseguiram por meio da compra a incorporação de vastas regiões territoriais. Em 1803 compraram a Luisiana da França por menos de 12 milhões de dólares (Napoleão precisava de recursos para custear o seu exército) e em 1819 compraram Flórida que pertencia à Espanha.

Em sua impressionante expansão territorial e formação de uma grande nação os norte-americanos acabaram por colonizar a região do Texas, que em teoria pertencia ao México, mas efetivamente era um estado independente reconhecido pela França e pela Inglaterra e com a maioria da população de colonos norte-americanos.

Em 1845 o Texas solicitou sua admissão como parte dos EUA. Os mexicanos não aceitaram e os Estados Unidos levaram um grande exército para a região com a finalidade de garantir a incorporação. Contudo os norte-americanos aproveitavam a presença de seu exército no Texas para forçar os mexicanos a venderem outros territórios, em especial a Alta Califórnia e o Novo México. A recusa do México acabou servindo como o estopim para o início de uma guerra contra os mexicanos (1846-48).

A guerra acabou sendo vencida pelos norte-americanos e o México foi obrigado a reconhecer a anexação do Texas, além de ceder pela bagatela de 15 milhões de dólares um imenso território, incluindo a Alta Califórnia e o Novo México. Para ter uma ideia, o México perdeu metade do seu antigo território.

Ainda em 1848 (oficialmente) foi descoberto ouro na Califórnia o que acelerou ainda mais o processo de ocupação do oeste, feito por homens considerados desbravadores, pioneiros, em uma verdadeira imagem do “herói americano”. Contudo, essa ocupação encontraria a resistência de inúmeros povos indígenas que eram os verdadeiros donos desses territórios. No filme Dança com lobos podemos vislumbrar exatamente a ideia do colonizador americano na extrema fronteira e o contato com os povos indígenas.
Nesse âmbito, a Lei de Remoção dos Índios, em 1830, obrigava os indígenas a migrarem para reservas específicas, localizadas a oeste do rio Mississipi. Foi prometido que seriam respeitados os novos limites estabelecidos, o que obviamente, não aconteceu, levando a inúmeros conflitos.

Como resultado desse contato entre culturas diferentes ocorreu à efetiva aniquilação da maioria dos povos indígenas e de seus recursos de sobrevivência, como os búfalos (os norte-americanos se importavam apenas com a pele dos animais, e exterminaram as manadas). Ao mesmo tempo aconteceu a afirmação da suposta superioridade do homem branco em relação aos “peles-vermelhas”, que resultou em preconceitos e na afirmação da inferioridade da cultura indígena americana.

Porém além de terras com matéria prima industrial,o país necessitava de mercado consumidor interno,sem isso não haveria condições de exportação e concorrência com a Velha Europa, portanto  havia séria discussão e discórdias entre os empresários nortistas e os latifundiários sulistas do país,quanto à questão econômico-social, surgindo a primeira guerra civil.
GUERRA DE SECESSÃO - foi um conflito entre estados do norte e estados do sul dos Estados Unidos determinante para o destino do país.
No decorrer do século XIX, as regiões norte e sul do país assumiram características diferenciadas. A diferença se tornou tamanha que levou a um conflito direto entre as regiões. O norte dos Estados Unidos recebeu um grande número de imigrantes que se tornou mão-de-obra para os empreendimentos industriais que vinham se expandindo. Logo os investimentos se transformaram em uma grande industrialização que resultaram em um enorme crescimento econômico da região norte. O poderio obtido pela burguesia industrial naturalmente se converteu em representatividade política e disputa por interesses. Por outro lado, a região sul dos Estados Unidos desenvolvia um sistema tradicional de produção baseada em grandes propriedades e, sobretudo, na utilização de mão-de-obra escrava. Assim, os interesses da burguesia industrial do norte do país entraram em choque com os interesses da aristocracia agrária do sul do país, convertendo-se em grandes tensões políticas e sociais.

O ambiente ficou mais acirrado nos Estados Unidos quando, em 1861, Abraham Lincoln  venceu as eleições presidenciais. O novo presidente era um republicano contrário à escravidão ainda praticada no sul do país. Naquela época, os Estados Unidos eram formados por 24 estados, dos quais 15 adotavam a escravidão como prática legal. Em função da clara diferença de interesses entre os grupos, onze estados defensores da escravidão como elemento dos meios de produção uniram-se e declararam-se independentes do restante do país. A secessão criou um novo país com o nome de Estados Confederados da América. Mais do que nunca, estava declarada a divergência entre as regiões e evidente a fragmentação do país. No dia 12 de abril de 1861, forças armadas representantes dos estados confederados do sul que haviam fundado um novo país atacaram o Fort Sumter, posto militar dos estados do norte, na Carolina do Sul. Seria o estopim para o início efetivo de uma guerra, também chamada de Guerra Civil Americana, colocou em conflito armado os onze estados confederados do sul do país contra os estados do norte. Os sulistas defendiam interesses aristocráticos, latifundiários e escravistas, práticas que determinavam a economia e o modo de produção da região. Por outro lado, os habitantes do norte do país já haviam desenvolvido significativa capacidade industrial e, em geral, descartavam o uso da mão-de-obra escrava como opção correta para o crescimento econômico. Estas diferenças seriam fundamentais para se determinar o progresso econômico do país e as causas da guerra. A região norte estava interessada em expandir o mercado interno e implementar barreiras protecionistas para que seus produtos tivessem vasão e a industrialização continuasse em crescimento. Já o sul acompanhava o modelo semelhante ao desenvolvido no Brasil, defendendo a abertura para as agro-exportações em uma produção sedimentada no trabalho escravo de negros africanos.
  O resultado da guerra foi a demonstração do poder dos estados do norte, que já eram mais desenvolvidos do que os estados do sul. Ao fim do conflito, com os interesses da região sul derrotados, os Estados Unidos aboliram por completo a escravidão no país e assumiram uma postura econômica na linha dos interesses do norte, guiada para o desenvolvimento industrial e expansão do mercado interno. Elementos que permitiram o enorme desenvolvimento tecnológico e econômico do pais e criaria as condições necessárias para que os Estados Unidos assumissem posição de destaque no mundo na época da Primeira Guerra Mundial.
DESTINO MANIFESTO - é uma filosofia que expressa a crença de que o povo dos EUA,  foi eleito por Deus para comandar o mundo, sendo o expansionismo geopolítico norte-americano apenas uma expressão desta vontade divina.
Em meio a esta ideia de predomínio mundial norte-americano estava também a ideia do destino norte-americano de predominar sobre os povos da  América Latina, pois estes estão localizados no mesmo continente e não terem desenvolvido a capacidade  de exercer domínio sobre outros povos, que tinha como principal objetivo demonstrar o quanto a cultura dos EUA era atraente e digna de apreço, fazendo uma imagem de que o país seria o melhor  do mundo, com os melhores e mais preparados indivíduos, e, em última instância, fazer com que os cidadãos de outros países passassem a desprezar suas próprias pátrias, adorando o ideal americano de progresso e superioridade.
 O termo seria perpetuado através do tempo, justamente pelas ações político-militares norte-americanas, que pareciam seguir à risca tal orientação, tornando-se bastante apropriado para descrever a expansão territorial deste país, que se deu, primeiramente, na segunda metade do século XIX, em meio à anexação do norte do México aos EUA, e depois, no fim do mesmo século com a guerra contra a Espanha. A própria imprensa do país iria se utilizar fartamente deste conceito, utilizando-o para defender as atitudes muitas vezes arbitrárias de seu governo.


 Após a realização de suas ambições, tanto o meio político como a mídia norte-americana em geral irá mais uma vez substituir  a doutrina por outras, embora certas ideias do Destino Manifesto façam parte do ideário político-militar estadunidense até hoje, estando presente em muitas das ações unilaterais controversas realizadas pelo seu governo através das 

 DOUTRINA MONROE -  foi anunciada por James Monroe (presidente norte-americano) em 1823, firmando a posição de liderança dos Estados Unidos na América e defendendo a não intervenção europeia no continente americano.
"Com a existência de colônias ou dependências outras pertencentes a qualquer poder europeu nós não interferimos e seguiremos não interferindo. Mas no caso de um governo que já declarou sua independência e conseguiu sustentá-la e aqueles outros que já a conseguiram conquistar a sua independência anteriormente, com grande consideração e dentro de justos princípios, reconhecidos, nós não podemos aceitar nenhuma interposição com o propósito de oprimi-lo, ou controlá-lo de qualquer outra maneira o destino deles, por qualquer poder europeu, ou qualquer outro que assim o fizer, será visto como uma manifestação de uma disposição hostil em relação aos Estados Unidos."

A síntese da Doutrina Monroe comumente e apresentada na expressão "América para os americanos", contudo, e tendo em vista o desenvolvimento do imperialismo no século XIX e XX, não seria enganoso uma ligeira alteração nessa sentença, dando lugar a uma mais exata definição: América para os norte-americanos".

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