Prazer em ser educadora

Graduada em Sociologia Política (USP), História (PUC-SP), Mestre em Ciências Sociais (área educação) UFPE, desde muito jovem me perguntava por que tantas desigualdades sociais no meu país? As respostas que eu obtinha não eram satisfatórias, até que um dia (ensino médio) fiz muitas perguntas a um querido professor de história (Otaviano) e ele me disse: "com tantas dúvidas, acho melhor você estudar História, só ela te saciará ou provocará mais dúvidas ainda, o que fará de você, uma eterna pesquisadora"
Amei aquela resposta desafiadora e assim, paralelo a um período ditatorial me tornei uma mulher questionadora, participante do movimento estudantil universitário, e do primeiro partido da classe de fato trabalhadora do meu país, uma mulher que pouco a pouco vai percebendo o que fizeram com a América Latina, sem nunca deixar de vislumbrar-se com as "coisas" da Europa anglo-francesa.
Aliei a sociologia à história e ambas me dão uma outra visão do mundo, seja nos aspectos econômico-político-sócio-cultural, permitindo-me conviver com as diversidades, com as minorias sem discriminações, aprendi a acreditar em meu país, no meu povo.
Assim posso repassar aos meus alunos das mais diversas idades ou classes sociais, o conhecimento que venho adquirindo no decorrer dos tempos, mostrando a eles que devemos nos qualificar, nos especializar, não para tornarmos apenas um acadêmico, mas para nos transformar em um humanista sensível à inclusão social, acreditando na mudança de um homem quando tem oportunidades.
Foi assim que acabei de certa forma, influenciando ou alicerçando a ideia de alguns alunos a cursarem História ou Ciências Sociais. A eles (últimos) : Trícia, Dimitri , Amanda, Arlan , Laís, Claudia... (não é possível citar o nome de todos) eu dedico esse blog e espero poder tirar dúvidas e compartilhar com todos os amantes das ciências humanas.
Muito prazer em ser educadora ... Beth Salvia

segunda-feira, 19 de maio de 2014

História da Civilização Japonesa

INÍCIO DA CIVILIZAÇÃO JAPONESA

Duas crônicas semi míticas, o Kojiki (Registros de assuntos antigos) e o Nihon shoki ou Nihongi (Crônicas do Japão), o primeiro compilado em 712 d.C. e o segundo em 720 d.C., são os registros mais antigos da história japonesa, juntamente com os relatos chineses. Essas crônicas falam dos sucessos ocorridos entre os séculos VII a.C. e VII d.C. e são as principais fontes da história antiga do Japão.
Os primeiros colonos do arquipélago japonês provavelmente procediam da zona oriental da Sibéria durante o neollítico, por volta do ano 3000 a.C., mas a evidência lingüística sugere também a presença de alguns colonizadores das ilhas polinésias. Também é possível que os ainos tenham chegado ao arquipélago durante essa primeira fase, mas nos primeiros tempos predominavam os protojaponeses de raça mongolóide.
Este vulcão inativo é o monte mais alto do Japão e seu símbolo nacional mais famoso. Esta montanha, de 3.776 m, encontra-se ao sul de Honshu, perto de Tóquio, e é um lugar muito visitado por turistas e peregrinos. Nas encostas do monte Fuji, há numerosos templos e santuários.
As crônicas oficiais chinesas da dinastia Han contêm a primeira menção registrada ao Japão. Falam que, no ano 57 d.C., havia o estado de Nu en Wo, que era um dos numerosos estados que ocupavam o arquipélago japonês. As crônicas também mostram uma sociedade bastante desenvolvida com uma organização hierárquica, marcada por um comércio de intercâmbio.
No ano 200, a imperatriz Jingu assumiu o governo depois da morte do seu marido, o imperador Chuai (que reinou de 192 a 200). Há relatos de que a imperatriz equipou uma armada e invadiu e conquistou uma parte da Coréia. Embora haja poucas evidências históricas da existência de Jingu, crônicas coreanas do século V registram a ocorrência de uma grande expedição feita a partir de Wo, por volta de 391.
O período Kofun (c. 300-710 d.C.) foi uma etapa de unificação sob a casa imperial. O imperador Jimmu estendeu seus domínios até Yamato, que deu seu nome à casa imperial. O governo dos Yamato consolidou o seu poder com a criação de uma forma primitiva de xintoísmo, que também servia de instrumento político. Os caudilhos yamatos exerceram um controle indireto sobre várias tribos, conhecidas com o nome de uji, entre as quais as mais importantes foram a muraji e a omi. O governo do clã imperial era mais nominal do que real, embora sua principal divindade, a deusa do Sol, fosse venerada por todos.
No século VI, a corte de Yamato tinha perdido o poder, incapaz de impor-se diante das tribos uji e derrotada na Coréia. O budismo, que chegou ao arquipélago no ano 552, espalhou-se rapidamente pela população e, no começo do século VII, já tinha ganhado o status de religião oficial.
O período Asuka começou quando a imperatriz Suiko (que reinou de 593 a 628) subiu ao trono e construiu seu palácio no vale de Asuka. Seu sobrinho e regente, Shotoku Taishi, começou um programa reformista marcado pela perda do domínio coreano e os problemas internos. Em 604, estabeleceu a Constituição de Dezessete Artigos, que compreendia um conjunto de princípios simples para o bom governo seguindo o modelo centralista da China e estabelecendo as hierarquias na corte.
As reformas de Shotoku foram continuadas pelo imperador Tenchi Tenno e por Nakatomi Kamatari, fundador da família Fujiwara, que em 645 inaugurou as denominadas reformas Taika, que fortaleceram a casa imperial e debilitaram as tribos uji, cujas terras foram ocupadas e redistribuídas. O grande conselho, o Dajokan, dirigiu o reino através de governadores locais, seguindo o modelo chinês. Em 663, Tenchi realizou reformas mais centralistas e codificou essas novas medidas no denominado sistema ritsu-ryo, que impôs uma estrutura de propriedade estatal sobre o país.
No mandato do imperador Shomu (que reinou de 715 a 756) e sua consorte Fujiwara, o Japão conheceu um período de grande efervescência cultural. Foram estabelecidas amplas conexões com a dinastia Tang da China e o Japão se tornou o extremo oriental da Rota da Seda. Posteriormente, o sistema ritsu-ryo foi modificado em 743 e, para estimular a ampliação das terras produtivas, direitos de propriedade foram concedidos a qualquer pessoa interessada em explorá-las. Essa medida permitiu que as grandes famílias e templos assegurassem sua independência e poder.
 No período Heian (794-1185), o Japão conheceu 350 anos de paz e prosperidade. No entanto, durante o século IX, os imperadores começaram a retirar-se do governo ativo, delegando os assuntos de governo aos seus subordinados. A retirada dos imperadores foi acompanhada pelo aumento do poder dos membros da família Fujiwara que, em 858, tornaram-se os amos virtuais do Japão e mantiveram seu poder durante os três séculos seguintes, monopolizando os altos cargos da corte e controlando a família imperial. Em 884, Fujiwara Mototsune passou a ser o primeiro ditador civil oficial (kampaku). O mais importante dos dirigentes Fujiwara foi Fujiwara Michinaga, que dominou a corte de 995 a 1028.
O caráter do governo mudou sob o controle dessa família, aumentando a centralização da administração e dividindo o país em grande estados nobiliários de caráter hereditário, livres de impostos ou unidos aos grandes templos budistas.
Em meados do século XI, os Fujiwara perderam o monopólio das consortes imperiais e os imperadores retirados se converteram no núcleo de um novo sistema de governo de claustro, pelo qual os imperadores abdicavam depois de fazer os votos budistas e se afastavam da administração em favor dos imperadores reinantes. Nesse meio tempo, surgiram nas províncias grupos locais de guerreiros, mais conhecidos como samurais, que protegiam os senhores de que eram servos, criando assim o embrião de um sistema feudal. Os guerreiros Taira ganharam fama e poder no sudoeste; os Minamoto, no leste. No século XII, os dois grandes clãs militares estenderam seu poder para a corte, iniciando uma luta pelo controle do Japão.
Em 1156, uma guerra civil (o Distúrbio Hogen) eclodiu entre os imperadores retirados e reinantes e as ramificações associadas à família Fujiwara, dando início aos clãs militares. Depois da segunda guerra com o denominado Distúrbio Heiji (1159-1160), os Taira assumiram o controle do Japão. Taira Kiyomori, ministro-chefe em 1167, monopolizou os cargos da corte com os membros da sua família; seu filho mais novo, Antoku, tornou-se imperador em 1180. No mesmo ano, um remanescente dos guerreiros Minamoto, Minamoto Yoritomo, construiu um quartel em Kamakura, no leste do Japão, e promoveu um levante que, depois de cinco anos de guerra civil, derrotou e expulsou os Taira. Yoritomo assumiu o controle do Japão, inaugurando uma ditadura militar que iria durar sete séculos.
A partir de então, o feudalismo se desenvolveu até se tornar mais forte que a administração imperial. Em 1192, Yoritomo criou o cargo de xogun, comandante-em-chefe com autoridade para atuar contra os inimigos do imperador. Yoritomo já era o virtual dirigente do Japão e titular do seu xogunato, detendo assim mais poder do que o imperador e a corte.
Em 1219, a família Hojo, mediante uma série de conspirações e assassinatos que eliminaram os herdeiros Minamoto, assumiu a direção militar do Japão. Nenhum Hojo tornou-se xogun; um dirigente Hojo governava como shikken (regente), com poder real.
As novas formas de budismo, especialmente as seitas País Puro e o zen, se estenderam e tornaram-se mais populares do que as seitas mais antigas.
Os Hojo mantiveram-no poder durante mais de 100 anos. Seus oficiais e administradores provinciais conseguiram o poder sobre as terras e se uniram para formar novos clãs militares, os daimio, que se converteram no maior desafio para a autoridade do xogunato. O imperador Daigo II Tenno liderou uma rebelião contra os Hojo com o apoio de Ashikaga Takauji, dirigente do clã Ashikaga. A revolução, denominada Restauração Kemmu, culminou em 1333 com a deserção dos principais vassalos do xogunato e a queda dos Hojo.
O templo Kinkaku-ji, em Kyoto, tem esse famoso pavilhão decorado com lâminas de ouro. Sua construção foi iniciada em 1394 por Yoshimitsu, terceiro Shogun Ashikaga. O Kinkaku-ji foi originalmente uma vila, mas com o passar do tempo tornou-se um templo budista zen. O pavilhão original foi destruído por um incêndio provocado em 1950 e a exata reprodução atual foi concluída em 1955. A sua arquitetura é característica dos templos zen. O budismo é uma das principais religiões do Japão e mais de 75% de sua população praticam alguma das suas seitas.

JAPÃO NA IDADE MODERNA 
O Japão foi finalmente reunificado no século XVI, no período Azuchi-Momoyama, um curto período de grandes mudanças, que recebeu esse nome por causa dos castelos das suas duas principais figuras, Oda Nobunaga e Toyotomi Hideyoshi. Oda inaugurou o período controlando os outros daimio, além de acabar com o poder dos mosteiros e neutralizar o budismo como força política. O último shogun Ashikaga abdicou em 1588 e Hideyoshi assegurou seu governo mediante uma administração sistemática; no entanto, nunca estabeleceu o controle completo sobre os daimio.   Um missionário jesuíta, Sao Francisco Xavier, levou o cristianismo ao Japão em 1549, mas o excesso de zelo dos pregadores que o seguiram contribuiu para que os shoguns proibissem no futuro a entrada de estrangeiros. Em 1600, Tokugawa Ieyasu tornou-se o dirigente do país. Ieyasu se proclamou shogun em 1603 e estabeleceu sua capital em Edo (hoje Tóquio). Em 1615, Ieyasu promulgou novos códigos legais, que estabeleceram a organização feudal e proporcionaram ao Japão um período de 250 anos de paz. Esses códigos (o denominado sistema bakuhan) deram à família Tokugawa um grande poder sobre os feudos daimio (han) e seus administradores, bem como sobre o imperador e a sua corte. Os confiscos de terra fizeram da família Tokugawa a mais rica do Japão. As classes sociais foram estratificadas de forma rígida em quatro grupos: guerreiros, camponeses e artesãos . A forma de feudalismo estabelecida por Ieyasu e os sucessivos shoguns Tokugawa se manteve até o final do período feudal, em meados do século XIX.
Outra consequencia da dominação Tokugawa foi o isolamento em relação ao Ocidente. Os europeus não puderam desembarcar no Japão depois de 1624 e, na década seguinte, foi decretada uma série de leis proibindo o comércio exterior.

Nos dois séculos que se seguiram, as formas de feudalismo se mantiveram estáticas. O bushido, o código dos guerreiros feudais, tornou-se o padrão de conduta para os grandes senhores e os samurais, que desempenhavam o papel de seguidores dos primeiros. O confucionismo passou a ser a nova ideologia do governo, o que provocou uma forte reação tradicionalista e uma defesa do nacionalismo pró-imperial.

INDUSTRIALIZAÇÃO DO JAPÃO
O Japão é atualmente a segunda maior economia do planeta. Conseguiu emergir dos destroços deixados pela Segunda Guerra Mundial tornando-se umas das economias mais importantes do planeta. Seu processo de industrialização explica esse vertiginoso crescimento.

Do séc. XVII ao séc. XIX o Japão foi descentralizado, mas o clã mais rico em terras foi o Tokugawa. Em 1639, sob o Shogunato Iyemitsu (regime militar feudal), iniciou-se um período de reclusão em que os japoneses não poderiam sair do território e os estrangeiros eram proibidos de entrar. A única exceção eram as trocas comerciais feitas com holandeses. Em 1853, os Estados Unidos aportam no Japão pondo fim ao isolamento do país e encontram um país ainda feudal e "defasado" economicamente. Em 1854, os EUA tentam forçar a abertura do Japão através da assinatura do tratado de Kanagawa, fato que influencia na aceleração da desintegração do sistema feudal vigente. Em 1868 é dado fim ao domínio do clã Tokugawa.
No final do séc. XIX os Estados Unidos emergem como potência e se lançam a busca de pontos estratégicos no Ocean Atlântico e no Pacífico. Desde então o Japão se torna um país muito importante. Entretanto, os interesses da elite japonesa se chocam com os interesses estrangeiros e o Japão inicia um período de viabilização da sua industrialização com intervenção do Estado na economia e do militarismo. Assim como a Alemanha e a Itália, o Japão é um país de capitalismo e imperialismo tardio, e em consequencia, ocorre uma aliança entre esses três no contexto da 2ª Guerra Mundial, formando o eixo Berlim-Roma-Tóquio, na tentativa de dominar o mundo. Nesse momento, a maior pretensão do Japão é dominar territórios que viabilizassem sua expansão econômica.

A industrialização e modernização só irá ocorrer efetivamente em 1868 com o fim do Shogunato e restauração do império com ascensão do imperador Mitsuhito, dando início à Era Meiji. Essa Era foi de fundamental importância para a arrancada industrial do Japão, pois caracterizou-se pela implantação de políticas modernizantes como:
» investimentos na criação de infra estrutura;
» fábricas;
» maciços investimentos na educação, voltada para qualificação da mão-de-obra;
» abertura (tecnologia e capital estrangeiro);

A Constituição de 1889 estabeleceu que o Imperador seria o chefe (sagrado e inviolável), e também a Dieta (Parlamento).
Por conta dessas políticas modernizantes implantadas pela Era Meiji o Japão passou por um vertiginoso processo de industrialização, mas enfrentava problemas estruturais, como escassez de energia e matérias-primas, e limitado mercado interno.
Para suprir esses problemas o Japão se lança a busca de novos territórios, principalmente na Ásia e Pacífico, investindo maciçamente em seu fortalecimento militar.
Ocupa Taiwan com a vitória na Guerra Sino-Japonesa (1894-1895); Em 1910, anexa a Coréia ao seu território; Em 1904-1905, tomam as Ilhas Sacalinas, até então território russo, com vitória na guerra contra a Rússia. Em 1931, ocupam a Manchúria (território chinês) e implantam Manchukuo, em 1934, estabelecendo um Estado Fantoche sob o governo de um ex-imperador chinês destituído pela adoção da República.
Em 1937 inicia uma confrontação total com a China, por conta dessa política expansionista, que estende-se até a 2ª Guerra Mundial, mas essa política irá causar grande destruição do Japão que sai derrotado da Guerra.
Em 1941, o Japão ataca de surpresa a base naval de Pearl Harbor (Havaí) superestimando seu poderio militar e antecipando a entrada dos EUA na guerra que acaba o derrotando.
Em resposta, em 1945 os EUA lançam as bombas atômicas sobre Hiroxima e Nagasáqui. A única saída do Japão é render-se, fato que acontece com a assinatura, em setembro de 1945, da rendição do Japão. Essa rendição torna-se símbolo da superioridade tecnológica e militar norte-americana.

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