Prazer em ser educadora

Graduada em Sociologia Política (USP), História (PUC-SP), Mestre em Ciências Sociais (área educação) UFPE, desde muito jovem me perguntava por que tantas desigualdades sociais no meu país? As respostas que eu obtinha não eram satisfatórias, até que um dia (ensino médio) fiz muitas perguntas a um querido professor de história (Otaviano) e ele me disse: "com tantas dúvidas, acho melhor você estudar História, só ela te saciará ou provocará mais dúvidas ainda, o que fará de você, uma eterna pesquisadora"
Amei aquela resposta desafiadora e assim, paralelo a um período ditatorial me tornei uma mulher questionadora, participante do movimento estudantil universitário, e do primeiro partido da classe de fato trabalhadora do meu país, uma mulher que pouco a pouco vai percebendo o que fizeram com a América Latina, sem nunca deixar de vislumbrar-se com as "coisas" da Europa anglo-francesa.
Aliei a sociologia à história e ambas me dão uma outra visão do mundo, seja nos aspectos econômico-político-sócio-cultural, permitindo-me conviver com as diversidades, com as minorias sem discriminações, aprendi a acreditar em meu país, no meu povo.
Assim posso repassar aos meus alunos das mais diversas idades ou classes sociais, o conhecimento que venho adquirindo no decorrer dos tempos, mostrando a eles que devemos nos qualificar, nos especializar, não para tornarmos apenas um acadêmico, mas para nos transformar em um humanista sensível à inclusão social, acreditando na mudança de um homem quando tem oportunidades.
Foi assim que acabei de certa forma, influenciando ou alicerçando a ideia de alguns alunos a cursarem História ou Ciências Sociais. A eles (últimos) : Trícia, Dimitri , Amanda, Arlan , Laís, Claudia... (não é possível citar o nome de todos) eu dedico esse blog e espero poder tirar dúvidas e compartilhar com todos os amantes das ciências humanas.
Muito prazer em ser educadora ... Beth Salvia

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

ALEMANHA




A ALEMANHA PRÉ-INDUSTRIAL
É importante destacar  que embora o processo industrial alemão tenha sido tardio (XIX),  a Alemanha pré-industrial não se caracterizava pelo sub-desenvolvimento. Portos, cidades comerciais e bancos alemães eram fortes atores na economia europeia. A contribuição alemã para as ciências, para a literatura e para a música eram de grande magnitute. Também os alemães foram os que formularam as exigências da Reforma Protestante, que ajudara na autonomia dos Estados frente à Igreja Católica. Tal industrialização tardia pode ser considerada por seu sistema político descentralizado e sobretudo à existência (e persistência) de relações de caráter feudal e semifeudal (servidão) em suas regiões de maiores riquezas potenciais.
Com a Paz de Westfália (tratados de paz que encerrando a Guerra dos 30 Anos), a Alemanha foi dividida politicamente fora um grande entrave ao processo de industrialização. A classe dominante, dos senhores de terra, tinham seus interesses principalmente voltados para a manutenção das relações vigentes de trabalho e excedente, o que impossibilitava maiores avanços industriais. Coube ao Estado Prussiano o papel impulsionador da industria para que pudesse suprir interesses do mesmo como suprir necessidades do exército, diminuir a dependência de produtos estrangeiros, sobretudo dos ingleses e franceses. Tais ações eram burocraticamente controladas e dependiam em larga escala da eficiência administrativa dos oficiais do Estado. Tal centralização é fundamental para entendermos as razões pelo qual o desenvolvimento industrial alemão se deu basicamente através de grandes conglomerados, monopólios ou oligopólios.
A partir da Zollverien (união econômica entre as regiões alemãs) é que as bases para a desenvolvimento industrial são lançados. Com tarifas unificadas. O objetivo de impulsionar o comércio e indústria nacional, aos poucos vai se concretizando. A criação do Banco da Prússia em 1846, a expansão ferroviária vertiginosa, transformações na política como a Confederação da Germânia do Norte, o processo substitutivo de importações e altas taxas protecionistas, foram os  elementos responsáveis para a revolução industrial que se sucedeu à unificação alemã em 1871.
A partir deste momento, a Alemanha experimenta o seu período de revolução industrial, que se estende até 1914 onde tal poderio é parte fundamental das razões que levaram à Primeira Grande Guerra.
A INDÚSTRIA ALEMÃ
Como já antecipamos, a indústria alemã é fortemente caracterizada por conglomerados, monopólios e oligopólios que são facilmente explicados pela política realizada pela Prússia Cameralista e também pelo I Reich (Império), de intervenção em prol de cartéis e de altas barreiras protecionistas.
Uma das principais razões para o rápido avanço da indústria alemã foram fatores que a diferenciavam das demais industrias européias entre eles o alto grau de instrução da classe trabalhadora. Tal nível de educação foram fundamentais para o desenvolvimento de tecnologias eficientes e o alto nível de inovação apresentado por todos os setores. Outra grande razão para o sucesso alemão foi a articulação financeira entre os seus bancose indústrias, tanto privados quanto bancos de fomento públicos. Os cartéis permitiam que bancos e indústrias tivessem sempre o retorno desejado com os investimentos, o que incentivava cada vez mais a expansão industrial e tecnológica. Por fim, a política de "potência de bem-estar" realizada pelo Estado, aperfeiçoada por Bismarck. Tal política era responsável pela forte presença do Estado na Economia, permitindo o crescimento qualitativo e quantitativo das ferrovias, serviços postais e telegráficos, e também propiciando bases para o alto nível de instrução da elite.
A Indústria Alemã foi caracterizada principalmente pela indústria química e elétrica. A indústria química favorecida pelo forte investimento em pesquisa e desenvolvimento e pela disponibilidade de matérias-primas. Já a indústria elétrica, responsável pela invenção do dínami e a lâmpada elétrica de filamento branco, foi de vital importância para o êxito alemão. Com destaque também temos a indústria naval e também as indústrias de base que foram fomentadas anteriormente pelo governo prussiano.
Porém, é importante notar que, embora a industrialização alemã seja considerada de grande êxito, ainda uma grande parte da Alemanha ainda apresentava características pré-industriais. Tal fato pode ser visto através da grande atividade agrícola e da sobrevivência de artesões que perduram até os dias atuais. A Alemanha fora também pioneira nos direitos sociais dos trabalhadores e tais políticas se sustentavam primeiro pelo fato da indústria ser financiada e protegida pelo Estado, o que faz com que os industriais fossem induzidos a aceitar tais políticas e também pelos interesses nacionais militaristas que se desenvolvia no processo industrial alemão. Tais interesses incluiam a segurança bélica do Estado Alemão e a expansão do mercado para as indústrias alemães. Estes fatores são fundamentais no entendimento das crises políticas e das guerras que se seguiram
Conclusão
O processo de industrialização alemão foi um processo rápido e que foi impulsionado por objetivos específicos do Estado Alemão. Não sendo caracterizada pelo liberalismo econômico e sim pelo protecionismo estatal, permitiu a condução do processo no sentido de suprir interesses da nação alemã (representada no Reich = império/república). Somada a isso, ao entrar direto da chamada "segunda revolução industrial", permite competir em condições iguais com seus principais concorrentes que também só estavam chegando naquele momento à indústria dp aço, da eletricidade e da química.
A política interna, com a existência de social-democratas, socialistas e comunistas, obrigavam a Alemanha é dar passos importantes na condição de igualdades sociais e o papel centralizador do Estado na condução da política econômica nos aproximam de que a Alemanha fora o embrião do Welfare State (Estado de bem estar social) e do estado intervencionista teorizado posteriormente por Keynes em seu livro "Teoria Geral do Emprego, do Juro e do Dinheiro."
Com as derrotas nas duas Grandes Guerras, o Estado Alemão e sua indústria ficou bastante enfraquecido, no entanto a êxito da política industrial foi tamanho que permitiu o reerguimento da potência posteriormente. Hoje a Alemanha é a grande potência industrial da Europa, com vantagem sobre Ingleses, franceses e Italianos, sendo o Vale do Ruhr o principal pólo industrial Europeu até os dias atuais.






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